Mal Invisível

Postado em 11.5.10 por Urbanias |

A partir de hoje, o Urbanias começa a dar mais destaque para a questão da poluição sonora na cidade, um dos problemas mais presentes e menos percebidos. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, OMS, qualquer ruído acima de 55 decibéis pode ser considerado nocivo para a saúde.

Para medir e registrar esse incômodo literalmente invisível, mas de consequencias bem reais, o Urbanias conta agora com um medidor de som. O aparelho, que chegou aqui na redação hoje, é similar aos utilizados por profissionais de segurança do trabalho e do PSIU (que deveria fiscalizar os casos de excesso de barulho na cidade). Ele será levado pela nossa equipe para as ruas, com o objetivo de saber quanto de barulho absorvemos no dia a dia, e também irá nos acompanhar em casos extremos, como obras, igrejas, bares e baladas que incomodam a vizinhança há muito tempo, onde a fiscalização municipal simplesmente não chega.

Assim, se você estiver com problemas de barulho na vizinhança, não hesite: entre em contato conosco, através do e-mail rafael@urbanias.com.br , ou cadastre no site www.urbanias.com.br.

Para saber mais sobre os danos causados pelo barulho, confira abaixo reportagem publicada pela revista Saúde!:

Barulho de mais,  saúde de menos

Estresse, insônia e infecções dos mais diversos tipos compõem a lista de encrencas que a poluição sonora pode causar

Por Anderson Moço
Revista Saúde! - 02/2008

Decibéis muito acima do tolerável ocupam hoje o terceiro lugar no ranking de problemas ambientais que mais afetam populações do mundo inteiro, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) — a poluição do ar e a da água estão na dianteira. Não se trata de simples incômodo. Barulho mata. Só por infarto, são 210 mil vítimas fatais todo ano — aponta um relatório da OMS que deveria, este sim, sair da surdina para soar em alto volume. "A poluição sonora ainda não recebeu a devida atenção", lamenta o neurofisiologista Fernando Pimentel-Souza, da Universidade Federal de Minas Gerais, um dos maiores estudiosos brasileiros dos efeitos da poluição acústica na saúde humana.

Com tanto zunzunzum de carros, buzinas, telefones, eletrodomésticos, tocadores de MP3, um número incalculável de pessoas passou a sofrer, além dos óbvios distúrbios auditivos, de dor de cabeça crônica, hipertensão, alterações hormonais e insônia. "Somos assaltados o tempo inteiro por ruídos altíssimos", nota o otorrinolaringologista Arnaldo Guilherme, da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp. Só para você ter uma idéia, o trânsito em cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Salvador alcança facilmente os 80 decibéis, o mesmo que um liquidifi cador ligado a 1 metro de distância. E, de acordo com a OMS, todo e qualquer som que ultrapasse os 55 decibéis já pode ser considerado nocivo para a saúde. "As pessoas não se dão conta do problemão a que estão expostas porque as conseqüências não são imediatas, elas vão se acumulando e só aparecem com o tempo", diz Guilherme.

Seria preciso viver isolado feito um ermitão para passar incólume pelo estresse acústico, carga de tensão que age como gatilho para todas as encrencas relacionadas à vida moderna e barulhenta. "Como, na prática, isso é impossível para a maioria nos grandes centros urbanos, o corpo entra numa espécie de alerta. A musculatura fica tensionada, o coração dispara, a pressão arterial sobe, o estômago fica cheio de suco gástrico e o intestino trabalha bem devagarinho", descreve o especialista.

"Muito barulho também provoca grande agitação, além de dificultar a concentração", afirma o otorrinolaringologista Arnaldo Guilherme. Quem trabalha em locais onde o nível de ruído vai às alturas sabe disso muito bem. "Às vezes a pessoa sente dificuldade para relaxar até quando
chega em casa, de tão elétrica que ficou durante o dia", completa Guilherme. Tanta excitação assim costuma levar a quadros de hiperatividade, agressividade, mau humor, depressão e até bipolaridade.

NOITES MALDORMIDAS

"Enquanto os outros sentidos descansam durante o sono, os ouvidos, ao contrário, se mantêm em estado de alerta", explica o engenheiro ambiental Eduardo Murgel, especialista em acústica em São Paulo. Quando os sons não passam dos 35 decibéis — nível encontrado em uma biblioteca, por exemplo —, a noite corre tranqüila e sem sobressaltos. Mas acima disso o sono vai ficando cada vez mais superficial, mesmo que não se chegue a acordar de fato com o barulho.

"Se, durante a noite, o nível de ruído atinge os 75 decibéis, como em uma rua movimentada, há uma perda de 70% nos estágios profundos do descanso, fundamentais para a consolidação da memória e do aprendizado e também para a renovação das células do corpo", ressalta o neurofisiologista Fernando Pimentel-Souza. Isso explica por que muita gente se sente sonolenta e cansada após passar uma noite em local barulhento. "Pular as etapas de sono profundo deixa a pessoa menos inteligente e criativa", acrescenta Pimentel-Souza de forma categórica.

Leia a matéria completa aqui: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/saude/conteudo_270282.shtml  

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